terça-feira, 28 de agosto de 2012

Qualificação de Conselhos de Saúde abre vagas para facilitadores



O Curso Nacional de Qualificação de Conselhos de Saúde está com edital aberto até 03 de setembro para a função de facilitador do processo pedagógico em controle social com remuneração de R$1.400,00 por mês, durante um período de 4 meses. Para concorrer à vaga, é necessário ter formação superior em qualquer área de atuação e possuir experiência na saúde e na educação. Este curso é uma parceria entre a Vice-direção de Cooperação e Escola de Governo da Ensp/Fiocruz, Rede de Escolas e Centros Formadores em Saúde Pública e Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde.

O processo seletivo consistirá em duas fases: análise de documentos e oficina de formação com certificação, que ocorrerá nos meses de outubro e novembro, para que os selecionados se apropriem da proposta pedagógica do curso. São 427 vagas, e destas, 320 para titulares e 107 para suplentes não remunerados. É pré-requisito possuir um e-mail válido, ter conhecimentos básicos de acesso à internet por computador, possuir disponibilidade para participar dos momentos presenciais, estar disponível para atuar 10h nos momentos de conexão, sendo 4h de plantões presenciais, e não ser conselheiro de saúde em exercício ou suplente.

É papel do facilitador propor atividades de problematização, reflexão, debate e formulação acerca dos temas participação social e democracia, gestão e financiamento, intersetorialidade e trabalho em rede. Cada profissional será responsável pelo acompanhamento de 25 a 30 alunos. Para participar, o candidato deve se inscrever no endereço http://inscricao.ead.fiocruz.br/244.

terça-feira, 26 de junho de 2012

ANVISA E OS MODERADORES DE APETITE


A última edição do Boletim de Farmacoepidemiologia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), divulgada nesta terça-feira, usa dados sobre a venda de inibidores de apetite entre 2009 e 2011 para justificar sua proibição — com exceção da sibutramina, os medicamentos desta categoria tiveram a venda proibida no Brasil a partir de dezembro de 2011. No levantamento realizado em todas as capitais brasileiras e no Distrito Federal, a agência alerta: quando há aumento de 1% na população obesa, a venda de inibidores de apetite cai em 8,3%. O boletim afirma que, no período, houve "distorções em relação à população alvo, ao uso continuado e à combinação medicamentosa." Ou seja, seria um indício de que os medicamentos estariam sendo mal prescritos pelos médicos.
Especialistas ouvidos pelo site de VEJA, no entanto, discordam dos resultados encontrados pela Anvisa. "Não se pode fazer uma relação de causa e efeito entre duas variáveis que não são, necessariamente, dependentes", diz Ricardo Meirelles, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). De acordo com o endocrinologista, a interpretação do órgão é tendenciosa. "A partir da mesma pesquisa, eu poderia afirmar o contrário: que o número de obesos aumenta quando há queda no uso de remédios, por exemplo", diz.
O boletim também traz a informação de que 79% do consumo de inibidores depende de consumo passado — são casos de pessoas que já haviam usado o medicamento antes e que voltam a usá-lo. A obesidade, como se sabe, é uma doença crônica. "Uma pessoa pode tomar o remédio várias vezes, porque volta a engordar. Isso não significa que ela está fazendo uso exagerado da droga", diz Meirelles. Levantamento realizado pelo médico afirma que, em 2010, apenas 1,7% dos obesos brasileiros e 0,5% das pessoas com sobrepeso estavam sob medicação. "É um número muito pequeno, não dá para correlacionar duas grandezas, como a Anvisa fez", diz.
Em defesa própria – Para Amélio Godoy, ex-presidente da SBEM, a conclusão da Anvisa tem um propósito claro. "Ela está saindo em defesa da proibição dos inibidores", diz. O argumento do especialista é estatístico. Segundo ele, enquanto o número de obesos no país crescia, aqueles que tinham acesso ao uso de medicamentos, não. "Toma remédio para emagrecer quem consegue remédio. A maioria absoluta dos obesos vem de classes baixas, que não têm sequer acesso ao tratamento."
Boletim - O levantamento analisou a venda dos inibidores mazindol, femproporex, anfepramona e sibutramina nas capitais brasileiras e no Distrito Federal (DF) entre 2009 e 2011. Todos os dados foram coletados pelo Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC, informe das drogarias da venda de medicamentos de controle especial), além de informações do Ministério da Saúde.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

PROTETOR SOLAR - ANVISA


Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nesta segunda-feira (4) novas regras para a produção de protetores solares. O fator mínimo de proteção solar (FPS), que mede a proteção contra os raios UVB passa de 2 para 6. Já a proteção contra os raios UVA tem que ser, no mínimo, um terço do FPS do produto.
Outras novidades dizem respeito ao rótulo dos produtos. Para alegar que um protetor solar é resistente à água ou ao suor, por exemplo, o fabricante terá que comprovar essa capacidade com testes específicos.
Além disso, a embalagem passa a ter informações obrigatórias. Ela terá de orientar os usuários a aplicar o produto várias vezes ao longo do dia. Também fica proibido alegar 100% de proteção contra a radiação solar.
A norma publicada pelo Diário Oficial da União será adotada em todo o Mercosul. No Brasil, os produtores terão um período de dois anos de adaptação

terça-feira, 17 de abril de 2012

HIGIENE DAS MÃOS

Prezados seguidores, estarei disponibilizando os resumos atuais publicados no American Journal of Infection Control (vol 39, number 1). Todos traduzidos para o português. Segue o primeiro artigo sobre Higiene das mãos:
Marra e colaboradores realizaram em um importante hospital terciário brasileiro um estudo avaliando melhoria no hábito de higiene das mãos e sua manutenção ao longo do tempo, em duas unidades de terapia intensiva, empregando a estratégia do positive deviance (desvio positivo). Esta abordagem envolve mudanças sociais e comportamentais e parte do princípio que existem profissionais de saúde nas unidades mais envolvidos com o controle de infecção, podendo exercer liderança sobre seus colegas, se apoiados pela equipe do controle de infecção. Os líderes foram indicados pela gerência, inicialmente contou com a participação da enfermagem, alguns médicos e depois todos os demais profissionais aderiram. Começou com a divulgação dos cinco momentos para higiene das mãos via lembretes e cartazes. As reuniões foram quinzenais onde se debatiam exemplos de aderência a higiene das mãos e alternativas para orientação de profissionais que não aderissem a esta prática, focando comportamentos, estímulos e condições facilitadoras. As reuniões eram bastante interativas, garantido voz a todos e fechando com consensos e progressivamente foram incorporando outras medidas profiláticas das infecções, por sugestão dos próprios participantes. A aderência à prática de higiene das mãos foi medida por contador acoplado aos dispensadores de álcool gel. Comparando-se os resultados após cerca de dois anos foi observado que não houve alteração significativa na taxa de ocupação, permanência média, relação de enfermeiros por leito e utilização de procedimentos invasivos. Houve aumento significativo na aderência a higiene das mãos e redução significativa da densidade de incidência de infecção, infecção associada a procedimentos invasivos e da densidade de pneumonia associada à ventilação mecânica. Não foi observada a mesma significância na infecção da corrente sanguínea associada a cateteres e do trato urinário associado à sonda vesical. Não há referência no artigo se outras estratégias concomitantes foram empregadas, como a utilização de bundles. Neste trabalho tivemos a participação de nossas colegas, que fazem parte do nosso corpo docente, Julia Y. Kavagoe e Claudia V. Silva, a quem parabenizamos e convidaremos posteriormente para um chat.

Chamorey e equipe realizaram um estudo multicêntrico na França comparando lavagem e anti sepsia das mãos com soluções alcoólicas em relação à presença de pele seca e irritação. Em uma análise multivariada, os seguintes fatores foram associados à presença de pele seca: meses frios (2,04; 1,80-2,32); uso de agentes protetores (1,35; 1,16-1,50; segundo autores isto pode ser devido a pessoas com intolerância prévia tendem a utilizar com mais freqüência estes agentes); atividades externas ao trabalho (1,32; 1,16-1,50); fatores constitucionais como atopia, alergia e patologias de pele (1,31; 1,18-1,45); hábitos como roer unhas ou coçar as mãos (1,26; 1,13-1,41); profissionais de saúde x pessoal administrativo (1,23; 1,06-1,43); número de vezes que lava as mãos (1,03; 1,02-1,04). O número de vezes que realiza a anti sepsia não apresentou significância estatística. Em relação à irritação da pele os seguintes fatores se destacaram: meses frios (2,17; 1,83-2,57); atividades externas ao trabalho (1,40; 1,18-1,66); profissionais de saúde (1,34; 1,09-1,65); fatores constitucionais (1,27; 1,10-1,46); hábitos (1,26; 1,08-1,47); uso de agentes protetores (1,18; 1,03-1,36). Por outro lado, o uso de anti sepsia com soluções alcoólicas (Purell, Aniosgel e Sterillun gell) apresentaram efeito protetor que aumenta com média de uso: pele seca (0,98; 0,97-0,99); irritação (0,98; 0,97-0,99). Segundo os autores, este estudo apresenta um argumento de peso para vencer resistências ao emprego da anti sepsia das mãos com soluções alcoólicas em substituição a lavagem das mãos. Como comentários ao artigo eu coloco que não foi realizada uma comparação direta entre álcool e sabão, embora a curva dose efeito mostre correlação positiva entre número de lavagem das mãos e presença de quadros dermatológicos, e correlação inversa quando é empregada solução alcoólica, particularmente acima de 10 aplicações diárias, em média. Outro comentário que faço, relaciona-se ao artigo não deixar bem clara a relação causa-efeito entre vários fatores como prurido ou uso de agentes protetores x problemas dermatológicos. Além disso, o foco principal do desenho do estudo parece não ter sido comparar sabão com solução alcoólica e outros fatores foram mais significativos na explicação dos quadros dermatológicos, por exemplo, estação do ano e fatores externos ao trabalho. Não ficou claro se foram controlados ou comparados nos grupos álcool x sabão e eles podem ter interferido nos resultados apresentados.

Di Martino e colaboradores compararam a aderência à higiene das mãos antes, logo a seguir e depois de um ano, de um programa de treinamento, focado nesta ação para médicos e enfermeiros do departamento de emergência de um hospital pediátrico localizado em Florência na Itália. Os profissionais inicialmente foram informados a respeito da observação da higiene das mãos, realizada entre janeiro e março de 2008. A intervenção foi realizada em abril. Os indicadores do período pré observacional foram apresentados para as equipes. Seminários foram realizados sobre infecção hospitalar e a importância da higiene das mãos, destacando a preferência por soluções alcoólicas. Além disso, todos os médicos e enfermeiros tiveram que utilizar um boton com a seguinte mensagem: “pergunte se eu lavei minhas mãos”. Todos receberam embalagens de bolso com solução alcoólica e seu consumo controlado pela enfermagem da unidade, através de gráficos semanais apresentados para a equipe. Foi medido o impacto destas intervenções logo após o treinamento e um após ano. Foi observado um aumento significativo na aderência a higiene das mãos logo após a intervenção: todos (14,3 x 44,9 p<0,001); enfermeiros (19,2 x 40,4 p<0,001); médicos (7,7 x 50,5 p<0,001). Após um ano o índice de adesão não alterou significativamente no geral, embora tenha caído entre os médicos e aumentado significativamente entre enfermeiros: todos (44,9 x 45,2 p=0,9); enfermeiros (40,7 x 49,8 p=0,03); médicos (50,5 x 36,5 p=0,008). Os autores informam que apenas a enfermagem recebeu treinamentos mensais de reforço, o que não aconteceu com os médicos. Além disso, colocam como limitações ter focado as observações em apenas um dos cinco momentos para higiene das mãos (antes do contato com o paciente), o possível efeito booster provocado pelo observador e os estudos foram realizados em setor de emergência, não podendo ser extrapolados para outros departamentos do hospital. Eu observo como informação curiosa deste estudo a boa resposta dos médicos ao treinamento inicial, superando até os resultados obtidos coma enfermagem, mas depois não foram envolvidos diretamente nos treinamentos subseqüentes, o que pode, pelo menos em parte, justificar sua menor aderência a longo prazo.

Steed e colaboradores realizaram uma estimativa das oportunidades para higiene das mãos, coletando dados, com uma metodologia desenvolvida pela OMS, em três unidades distintas (UTI, enfermaria e emergência) de dois hospitais com características distintas (hospital escola de grande porte e hospital comunitário de pequeno porte). Em um total de 436,7 horas foram observadas 6.640 oportunidades para higiene das mãos. Foram avaliadas as 5 indicações padronizadas pela OMS e em todas as unidades o predomínio foi após contato com proximidades do paciente (33,9% em UTI, 36,0% em enfermaria e 35,9% em emergência), seguida por após contato com paciente (UTI: 28,4%; enfermaria: 26,5%; emergência: 29,3%); antes de contato com paciente (UTI: 20,5%; enfermaria 20,9%; emergência: 21,4%); após exposição a fluidos corpóreos (UTI: 12,1%; enfermaria 9,7%; emergência 9,0%) e antes de técnicas assépticas (UTI: 5,1%; enfermaria 6,8%; emergência 4,9%). Em relação à categoria profissional foi observado: em relação às oportunidades: enfermagem (UTI: 74,6%; enfermaria: 80,0%; emergência: 70,6%); médicos (UTI: 7,4%; enfermaria: 3,5%; emergência: 15,2%); hotelaria (UTI: 0,9%; enfermaria: 2,4%; emergência: 1,0%) e outros: fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, técnicos em radiologia, laboratório clínico, etc (UTI: 17,2%; enfermaria: 14,1%; emergência: 13,2%). Diferenças também foram observadas em relação ao período de trabalho e unidade observada em termos de oportunidades por paciente-dia: UTI do hospital escola de grande porte (total: 178,8; 168-189; dia: 87,1; 79,8-94,4; noite: 93,5; 81,4-105,5); UTI de hospital comunitário de pequeno porte (total: 70,9; 61,0-80,7; dia: 39,1; 32,4-45,7; noite: 29,2; 20,1-38,3); enfermaria do hospital universitário de grande porte (total: 71,6; 64,9-78,3; dia: 33,3; 30,3-36,3; noite: 40,7; 32,9-48,5); enfermaria de hospital comunitário de pequeno porte (total: 30,3; 24,6-35,9; dia: 16,6; 12,7-20,6; noite: 12,7; 9,1-16,2). Em relação às unidades de emergência, as oportunidades foram medidas por leito e por hora: pacientes críticos (total: 5,03: 4,6-5,5; dia: 4,83; 4,2-5,5; noite: 5,39; 4,8-5,9); geral (total: 1,84; 1,5-2,2; dia: 1,90; 1,4-2,4; noite: 1,76; 1,3-2,2). Segundo os autores, este estudo não é representativo e deve ser repetido em outras instituições, mas as duas oportunidades mais freqüentes parecem repetir em outros estudos. Eu destaco alguns pontos adicionais para reflexão: a predominância acentuada de oportunidades nas mãos da enfermagem; o relativamente pequeno número de oportunidades dos médicos, que tradicionalmente aderem menos a esta prática; e importância das atividades realizadas no plantão noturno em termos de oportunidades para higiene das mãos, principalmente em instituições de grande porte e em pacientes críticos. Todos estes pontos devem ser levados em consideração no planejamento das atividades educativas, caso estes dados sejam confirmados em estudos posteriores.

Hakko e colegas enviaram carta ao editor da revista relatando um estudo observacional realizado em 2.009 em hospital da Turquia com 209 leitos e 870 profissionais de saúde. Por um período de 3 meses, 10 enfermeiras treinadas avaliaram em enfermarias, laboratório e UTI as seguintes oportunidades para higiene das mãos: antes e após procedimentos invasivos; após contato com sangue e fluídos corpóreos; antes e após o uso de luvas; antes da preparação de medicação; entre dois pacientes; após exame físico; antes e após cuidado de feridas. Em 175 horas de trabalho foram observadas 826 oportunidades, distribuídas pelas seguintes categorias profissionais: enfermagem (49,2%); médicos (29,6%), técnicos (9,8%) e outros (11,2%). A higiene das mãos foi realizada em 59,1% dessas oportunidades, sendo os médicos que tiveram menor aderência 40,8%. Após o exame de pacientes os médicos higienizaram as mãos 58,3% contra 93,0% dos demais profissionais, diferenças estatisticamente significativas (p < 0,001). Em relação ao método escolhido foi observado: água e sabão (61,4%); luvas (21,2%), álcool gel (13,1%) e vários métodos (4,3%). As situações com maiores índices de inadequação foram relacionadas ao uso de luvas. A higiene antes de seu uso foi feita em 14% das oportunidades entre os não médicos e apenas 3 % entre os médicos. Após procedimentos invasivos, nas situações em que estava indicado também o uso de luvas, a adequação foi inferior a 5% em todas categorias profissionais. Segundo os autores estes dados indicam a necessidade de reforçar nas atividades educativas a importância da higiene das mãos, quando luvas são também indicadas.

Ren e colaboradores enviaram um estudo interessante comparando a contagem microbiana em várias regiões da mão dos profissionais de saúde a partir de uma metodologia por eles desenvolvida. Os 197 participantes do estudo receberam treinamentos específicos a despeitos dos recebidos anteriormente na instituição. Foi medida a superfície das mãos das 116 mulheres e dos 81 homens, sendo que estes apresentavam maior superfície. A contagem de microrganismos por centímetro quadrado foi significativamente maior no sexo masculino. Foi encontrada uma relação direta entre superfície total e contagem de microrganismos.